Apesar da recuperação no segundo trimestre,
os fracos resultados do início do ano impactaram os números do primeiro
semestre, na comparação com o mesmo período de 2021. No entanto, as
exportações cresceram no período, de acordo com o balanço divulgado pela
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).
Com isso, a entidade decidiu rever as perspectivas para o fechamento do ano,
com leve crescimento em relação ao ano passado nos indicadores de produção
e licenciamento, e com melhora significativa nas exportações.
Em junho, a produção chegou a 203,6 mil unidades, superando a marca de 200
mil pela segunda vez no ano. No acumulado, foram produzidos 1.092 mil
autoveículos, queda de 5% em relação aos primeiros seis meses do ano
passado. No segundo trimestre, houve crescimento de 20% em relação ao
primeiro. “A crise global dos semicondutores vem se prolongando mais do que
esperávamos em janeiro, em função de novos fatores como a guerra na Ucrânia
e os lockdowns na China causados pela nova onda de covid, que afetam o
fornecimento de insumos e a logística global”, explicou o Presidente da
ANFAVEA, Márcio de Lima Leite.
A falta de oferta teve reflexo direto no recuo dos licenciamentos. Em junho eles
totalizaram 178,1 mil unidades, queda de 4,8% em relação a maio e de 2,4%
sobre junho de 2021. Descontado o feriado prolongado de Corpus Christi, a
média mensal de vendas se manteve em 8,5 mil unidades, mesmo valor de maio.
No acumulado do semestre, a redução foi de 14,5%. “Infelizmente esse é um
fenômeno global, com números de queda muito semelhantes aos dos principais
mercados do planeta”, comentou Leite.
A boa notícia do semestre foi e recuperação das exportações, a despeito da crise
na Argentina. Graças ao aumento dos envios a países como Colômbia, Chile,
Peru, México e Uruguai, as associadas da ANFAVEA registraram 246 mil
unidades exportadas, sendo 47,3 mil em junho, melhor resultado mensal desde
agosto de 2018. O crescimento sobre o primeiro semestre de 2021 chegou a
23%. Em valores exportados, a alta já é de 33,7%, em função dos embarques
de autoveículos de maior valor agregado.
Outro resultado comemorado foi o de empregos. Só em junho foram criadas 705
vagas, somando 1.488 desde o início do ano. Se consideramos as vagas de
máquinas autopropulsadas, foram 2.700 novas vagas, que representam cerca
de 27 mil empregos diretos e indiretos para a cadeia automotiva. “Em meio a
tantas paralisações por falta de componentes, essas contratações revelam a
resiliência das empresas do setor e uma aposta na recuperação do mercado”,
afirmou o Presidente da ANFAVEA.
Novas projeções para o fechamento de 2022
Levando em conta as restrições de produção e a elevação da inflação e dos juros
no Brasil, assim como as restrições ao acesso de crédito (que impactam
principalmente as vendas dos veículos de entrada), a ANFAVEA divulgou novas
projeções para o fechamento de 2022, com crescimento em todos os indicadores
sobre 2021, mas com menos otimismo que no início do ano.
Para a produção, a nova expectativa é de fechar o ano com 2.340 mil unidades,
alta de 4,1% sobre 2021. Para vendas internas, espera-se chegar a 2.140 mil
autoveículos licenciados, crescimento de 1%. Já a expectativa para exportação
é de 460 ml unidades embarcadas até o fim do ano, alta de 22,2% na
comparação com 2021.