Iniciativa Mais Pelo Jornalismo fornecerá infraestrutura tecnológica para publishers locais e segmentados de forma gratuita; 48,7% dos municípios brasileiros não têm cobertura jornalística regional
Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.712 (48,7%) não possuem veículos jornalísticos em sua região geográfica. Esses desertos de notícias prejudicam 26,7 milhões de brasileiros, segundo o Atlas da Notícia. Para ajudar a democratizar a informação de qualidade pelo país, o I’Max, plataforma de mailings de imprensa base dos
profissionais de assessoria, lançou no dia 25/11 o projeto Mais Pelo Jornalismo (MPJ).
O projeto vai fornecer, de forma gratuita, toda a infraestrutura tecnológica para o funcionamento de um site de notícias, como hospedagem, cibersegurança, SEO, configuração de mídia programática, e-mail profissional, suporte técnico, relatórios e insights. A capacidade inicial é de abrigar 1.000 sites/portais.
Para Fernanda Lara, CEO do I’Max e idealizadora do projeto, o jornalismo vive um momento extremamente preocupante. “Com a Inteligência Artificial generativa, as big techs, como Meta e Google, estão achatando a audiência dos sites de notícias, ao oferecer informações diretamente na timeline dos buscadores, empurrando os links de notícias para o fim da fila”, afirma.
Segundo Fernanda, que é jornalista, quem mais sofre com essa lógica são os publishers (os donos de veículos) pequenos, locais e regionais. “O jornalismo local atuante é fundamental para a democracia, previne a desinformação e contribui para a educação e o crescimento do país.” Veja o manifesto que ela escreveu no LinkedIn como marco do dia do lançamento do MPJ.
Critérios do projeto
Para participar do Mais Pelo Jornalismo, os publishers precisarão seguir critérios rígidos de transparência e ética. Os portais precisam ter o registro próprio do domínio (o endereço eletrônico) e, como contrapartida, publicar conteúdo qualificado, de acordo com o Código de Ética do projeto, que tem como base princípios fundamentados do bom jornalismo.
“Nossa ideia é ser um parceiro tecnológico das mídias locais e segmentadas, sem contrapartida financeira, nem venda de dados. Vamos oferecer desde o layout dos portais de notícias, passando por um sistema próprio de publicação de notícias (CMS) de fácil uso, até os menores detalhes de cibersegurança, incluindo o custo de hospedagem e apoio de programadores. Daremos atenção especial ao transbordo do site para que o histórico de postagens não se perca”, afirma a CEO.
Como participar
Para aderir gratuitamente ao Mais Pelo Jornalismo, o publisher precisa ter um veículo de comunicação estabelecido ou ser um jornalista com experiência comprovada que está lançando algum projeto editorial. “A infraestrutura prevista para o lançamento do Mais Pelo Jornalismo é consistente para hospedar e atender até mil portais de notícias que, somados, podem chegar a 100 milhões de pageviews/mês, com pico de 200 mil acessos por segundo.”
Fernanda compartilha que o objetivo é atingir mil portais aderidos ao projeto até julho de 2025. “Precisamos criar uns marcadores de evolução para o Mais Pelo Jornalismo pois o investimento envolvido é significativo e não é uma questão de quanto mais, melhor. Temos que apoiar cada mídia parceira a desenvolver seus objetivos no digital e, especialmente, a aumentar sua rentabilidade”, detalha.
A jornalista alerta que o projeto não fará comparação entre audiência de portais para selecionar os maiores. “Vamos atender todos os interessados pela ordem de inscrição. Queremos crescer junto com as mídias, por isso, estamos mais interessados no conteúdo produzido do que na quantidade de acessos”, afirma.
Obedecendo a esses critérios, basta preencher um formulário para estabelecer o primeiro contato. Depois disso, haverá uma reunião de apresentação mútua e para tirar dúvidas.
Melhorias no ecossistema
A redução gradativa na quantidade de veículos dificulta a publicação de notícias distribuídas pelos clientes das agências de comunicação corporativa. O volume de textos enviados via mailing têm sobrecarregado quem está na redação e, ao mesmo tempo, trazendo pouco retorno às agências, que, por sua vez, ainda são pressionadas pelos clientes (empresas, entidades do terceiro setor, órgãos públicos e mesmo marcas pessoais).
“Estamos reinvestindo parte do que nossos clientes nos pagam para o bem do jornalismo. Não vamos aportar apenas capital, mas sim o nosso DNA, que é de tecnologia para a comunicação. Gostamos de pensar que o I’Max é uma ponte que liga assessores a jornalistas. Sabemos que uma ponte só tem valor se ambas as extremidades estiverem firmes, por isso, é fundamental contribuir para o ecossistema da comunicação”, diz a CEO.