Setor faturou R$ 252,5 bilhões, alta foi a maior para o período desde 2010.
No primeiro trimestre, o varejo do comércio paulista registrou um faturamento real de R$ 252,5 bilhões. As vendas cresceram 10,3% em comparação ao mesmo período de 2021, apontando a maior alta para os três primeiros meses do ano desde 2010, quando houve aumento de 14,4%. Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em termos monetários, o faturamento deste ano ficou R$ 23,5 bilhões acima do apurado no ano passado.
Dos nove segmentos avaliados na pesquisa, oito mostraram crescimento no faturamento real, sendo eles: lojas de vestuário, tecidos e calçados (50,5%); outras atividades (19,7%); autopeças e acessórios (18,5%); concessionárias de veículos (13,3%); lojas de eletrodomésticos e eletrônicos (9,5%); materiais de construção (8,7%); farmácias e perfumarias (8,1%); e lojas de móveis e decoração (6,6%). Já no caso dos supermercados, houve estabilidade (-0,6%).
Vestuário foi um dos segmentos mais afetados pelas restrições impostas pela pandemia, retraindo em 20% o faturamento anual. Entretanto, com o aumento expressivo ocorrido no primeiro trimestre, recuperou o patamar de vendas para o período e ainda contribui com 2,3 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral. As demais atividades observadas na pesquisa registraram expansão dentro do padrão, no conjunto de vendas, exibido antes da crise sanitária.
Um aspecto que merece destaque no desempenho das atividades é a trajetória crescente das vendas mensais do primeiro trimestre na comparação anual. Em janeiro, o aumento foi de 5,5%; em fevereiro, de 7,9%; e em março, de significativos 17,2%. Os dados se mostram ainda mais relevantes quando comparados às taxas também ascendentes do ano passado (quando as altas foram de 3,4%, 3,5% e 6,3%, respectivamente). Portanto, o crescimento não teve nenhuma contribuição de bases comparativas fragilizadas.
Os números positivos dos três primeiros meses do ano podem ser explicados pela combinação de dois elementos. O primeiro é o aumento do número de pessoas empregadas (ou a queda na taxa trimestral de desemprego, de 14,9%, no primeiro trimestre de 2021, para 10,5%, no mesmo período deste ano) – o que, por consequência, ampliou a massa de rendimentos da população ocupada. Em segundo lugar, a concessão de crédito, que, só em fevereiro, subiu 21% na comparação anual (último dado disponível do Banco Central).
A soma destes dois fatores acabou por produzir aumento de renda disponível para consumo, concretizando-se nas elevadas taxas de crescimento do período em questão.
1º trimestre na capital
Na cidade de São Paulo, as vendas do varejo, nos três primeiros meses do ano, apresentaram alta de 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Considerando a série histórica a partir de 2008, foi o maior resultado do varejo paulistano para o período. A cidade atingiu uma receita de R$74,9 bilhões – R$ 7,9 bilhões a mais do que a apontada nos três primeiros meses de 2021.
As taxas de expansão foram observadas em oito segmentos: lojas de vestuário, tecidos e calçados (58,6%); outras atividades (27,9%); autopeças e acessórios (21,4%); lojas de móveis e decoração (46,8%); lojas de eletrodomésticos e eletrônicos (63,0%); concessionárias de veículos (38,6%); farmácias e perfumarias (9,5%); e materiais de construção (12,3%). No conjunto, os índices contribuíram positivamente com 12,7 p.p. para o resultado. No sentido inverso, houve queda nos supermercados (-2%), resultando uma pressão negativa de 0,7 p.p.
Basicamente, as mesmas razões que ditaram o comportamento do varejo estadual influenciaram o desempenho positivo do comércio na capital paulista. A alta acima da média no Estado foi resultado da melhoria no emprego, tendo sido preponderantes as contratações de mão de obra formal, cuja remuneração é geralmente maior do que a paga à parcela informal. Nas capitais, a tendência de emprego formal é maior, o que explica a renda média superior à do interior.
Já o desempenho excepcional do setor de vestuário muito se deve aos shopping centers, que estão muito mais presentes na capital do que nas demais cidades.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.